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Os clicadores de botão na era SPED

Lendo história, recentemente descobri que o estribo (aquele pedalzinho amarrado nas selas dos cavalos pro cavaleiro se equilibrar) foi alçado à categoria de uma das maiores invenções da humanidade. Ele foi quem permitiu aos cavaleiros cavalgarem e ao mesmo tempo empunharem armas com precisão. Isto revolucionou as guerras e conquistas.

Controvérsias à parte acredito que os estribos dos modernos guerreiros digitais é o mouse/smartphone. Um simples click ou toque abre um mundo de informações instantâneas que levariam meses para garimpar em bibliotecas alguns anos atrás.

O estribo incrementou a arte da guerra e da defesa. O mouse/smartphone nos trouxe as atividades dos guerreiros digitais Hackers do bem, dos Hackers do mal e outra quantidade não menor de profissionais bem adaptados a esta nova era da informação na ponta do mouse.

Profissionais clicadores

Temos também os profissionais acomodados e outros não adaptados a esta nova dinâmica de negócios e, estando na sociedade do hiperconsumo vamos considerar aqui 4 espécimes humanos distintos:

  1. Homo Sapiens Clicador: Usuário sênior acomodado clicador de botões com o mouse.
  2. Homo Sapiens Politicus: Interage socialmente (Instagram, Facebook, Twitter, Whatsapp etc.).
  3. Homo Sapiens Economicus: Compra e vende usando tecnologia e organização.
  4. Homo Sapiens Consumericus: Está sempre comprando o que não precisa.

Temos de considerar ainda que o deus fisco esteja fazendo sua lição de casa e já tem no clicar do seu mouse uma radiografia completa das nossas empresas, dos nossos negócios e da nossa vida. O Big brother já está aí. Não tem jeito! Na realidade nem será necessário fiscais humanos para identificar processos de sonegação. Os próprios sistemas de inteligência fiscal já estão fazendo isto.

Fica óbvio que não necessitamos entender a tecnologia por trás dos botões da tela do computador. Basta saber usar os recursos tecnológicos disponibilizados. O problema é que estamos vendo sistemas cada vez mais “inteligentes”, fazendo tudo sozinhos e muitos profissionais se acomodando na “função do clicador”.

É comum em atendimentos de telemarketing solicitarmos algo levemente fora do script do atendente e presenciamos o “telefonisto” ou a “telefonista” do outro lado agindo de maneira confusa, repetindo processos escritos na tela do computador. Isto quando não somos atendidos diretamente pelo computador com suas suaves vozes femininas repetindo roboticamente: “não entendi… não entendi… não entendi…”.

Os profissionais clicadores acomodados e os inadaptados tenderão a ter menor remuneração e reconhecimento profissional que os demais pró-ativos.

Adaptação profissional

Já nas relações entre o fisco e as organizações empresariais existem 3 profissionais que tem de estar plenamente adaptados às novas regras de negócios. Eles têm de trabalhar em parceria, antenados com as novas regras digitais se quiserem alcançar o sucesso pretendido. A saber:

  1. Os Empresários: Nenhuma empresa opera hoje sem computadores, botões e mouses. A empresa necessita estar equipada com tecnologias de ponta e com informações contábeis rápidas e corretas se quiser sobreviver nos próximos anos ou décadas.
  2. Os Contadores: O contador tem de estar presente nas decisões empresariais. Está entrando em extinção o contador “darfista”. Aquele que o empresário só conhece pelos “darfs” a pagar no final do mês e pelos Office Boys levando e trazendo estes documentos.
  3. Os Profissionais de TI. Estes profissionais estão em plena ascensão. As empresas e profissionais de software tem de trabalhar em parceria contínua com os contadores e com o empresário.

Observa-se nestas três competências distintas, mas indissociáveis na era digital, as melhores parcerias para as práticas empresariais de sucesso.

O "deus fisco" e a sonegação

Outra coisa é certa: está ficando cada vez mais difícil sonegar e não ser pego em algum momento. A cadeia produtiva está se fechando dentro da dinâmica “a fazenda digital” e os cruzamentos de informações pela “inteligência fiscal” está rastreando tudo. O olho onisciente do deus fisco já está presente nas nossas vidas. O jeito é nos adaptarmos.

“Nos adaptarmos como?…” perguntaria o neófobo… Ora, cada um buscará suas respostas e promoverá as ações de mudança pessoal e empresarial no seu momento mais propício.

Tenho aqui apenas uma convicção: Não quero personificar a figura daquele usuário sênior acomodado clicador. Isto sim será me deixar engolir pela tecnologia e pela onisciência do deus fisco legislador.

Artigo escrito por Abel Costa, engenheiro eletrônico com especialização em microprocessadores e analista de sistemas na Usesoft Sistemas.